Las Cabaças

Duas palhaças em pesquisa prática sobre os palhaços do norte e nordeste brasileiros.

Nome:
Local: Belém, Pará, Brazil

quinta-feira, maio 18, 2006

18.05.06 - Canudos (BA)

De Itabuna até aqui a estrada estava boa. Uma reta que cortava o sertão. A paisagem agora mudou completamente. Dá a impressão que quase não passa carro.

Registrar a viagem ainda está difícil porque sempre que consigo pegar e ligar a câmera, a beleza já passou. Começamos alguns testes para a rádio peão gravando depoimentos no gravador. Quando chegamos em Canudos, li a placa do rio Vaza Barris e senti que tínhamos que parar para conhecer. Muito pelas histórias que ouço do meu pai sobre Antônio Conselheiro e a guerra de Canudos, e muito também porque eu estava louca para uma primeira experimentação do nosso espetáculo na rua.Na bifurcação para Canudos, o rapaz disse: _Essa é a pior estrada da Bahia!

E era.

Chegamos na cidade e conversamos com o Secretário de Cultura e com o Prefeito numa conversa que durou menos de 30 minutos. Eles nos arrumaram hospedagem, alimentação e uma chamada na rádio rural que dizia: “Venham todos assistir a dupla de palhaças Las Cabaças de SP às 19:00hs na praça da concha. Tragam suas cadeiras e venham dar boas gargalhadas.”

Ficamos o dia na cidade, conhecemos o memorial de Canudos, passeamos, nos enchemos de sertão e silêncios.

A apresentação foi boa, a Firula participou mordendo o pé da Bifi, todos riam. Havia umas 100 pessoas, mais adultos que crianças.

Conhecemos uma dupla de construtores de estradas que estavam, inclusive começando a recapear a estrada para Canudos. Eles eram uma verdadeira dupla de palhaços: um falava mais que a boca, ficava fazendo brincadeiras de advinha com todo mundo que aparecia na frente, falava rápido que quase não se entendia. O outro não dizia nada, somente sorria tímido. A única coisa que ele falou foi que nos encontraríamos no dia seguinte, na estrada. Foi aí que percebi que eram eles os trabalhadores que nos informaram sobre Canudos. Perguntei há quanto tempo ele conhecia o companheiro. Ele respondeu suspirando: _Há 32 anos trabalhamos juntos.

Uma verdadeira dupla de palhaços!

- marina quinan -

Saímos de manhã. O café da manhã era uma delícia, ovo mexido, calabresa frita, fruta, banana, frutas, frutas, suco de goiaba, café, queijo, presunto.
Passamos pelo Circo Estaner – O circo do Carlitos, mas como era bem cedo, todos estavam dormindo. Pedimos informações para uns varredores e um deles nos disse que o circo não era muito bom, que não achava graça nos palhaços. Disse que já tinha passado circos melhores e que nessa cidade (que fica depois de Santa Luz), era difícil passar 3 meses sem ter circo. Seguimos.

- juliana balsalobre -

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

oi juliana, que lindo o trabalho/trajetória de vocês...realmente um sonho.
meu nome é flávia, sou de salvador. Achoq ue desde que me entendo por gente o circo é minha grande paixão. Há alguns anos pesquiso sobre os pequenos circos resistêntes espalhados pelo nosso interior. Pesquisando sites na net, assim que coloquei " circo estaner" abri nesse seu comentário...e me surpreendi.

primeiro pela coincidencia, e depois pelo teor do comentário. Faz dois anos passei alguns meses com o circo estaner, fotografando e acompanhando o cotidiano. Um circo pobre e bem tosco mas o palhaço Carlitos é incrível. Un dos melhores palhaços que ja vi. Daqueles palhaços bem brasileiros com piadas apimentadas e bem falastrão.
Bom, no mais gostaria de saber mais sobre esse seu trabalho.... e se possivel afinar nossas idéias.....se puder me ajudar também...quera saber quais os circos que você encontrou pela bahia.

sorte e bom caminho

flávia
levanah88@gmail.com

1:08 PM  

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