Las Cabaças

Duas palhaças em pesquisa prática sobre os palhaços do norte e nordeste brasileiros.

Nome:
Local: Belém, Pará, Brazil

segunda-feira, novembro 20, 2006

Dia 20/11/06 – Alto Paraíso (GO)
Passamos o dia no povoado de Moinho. Lá havia uma antiga fazenda de moer trigo e muitos escravos. A comunidade é hoje de remanescentes dessa época. Tivemos a sorte de chegar na casa de dona Flor, parteira e fazedora de remédios. Logo que nos viu no portão já convidou pra entrar e, no aperto de mão e no jeito que olhava nos olhos já deu pra entender que ela sabia de muitas coisas. Acomodou-nos em sua sala onde havia uma grande mesa de refeições, garrafas de licores, vinhos, xaropes... Na prateleira muitas bananas da terra.
Só perguntou nossos nomes e pôs-se a contar suas histórias e como se tornou parteira:
Ela disse que sua mãe nunca havia dito como nascia um bebê. Toda vez que ela procurava essa resposta, a mãe desconversava e contava coisas bobas de cegonha. Um belo dia chegou a hora da mãe parir sua última filha, irmã de Dona Flor que já estava com seus18 anos. Haviam 3 parteiras experientes e nenhuma deu conta do parto. Desenganaram o caso, dizendo que ela morreria. Dona Flor, que tudo olhava da fresta, ouviu uma voz dizendo que arrebentasse a corda e entrasse. Nervosa e amedrontada foi o que ela fez. Segundo ela, estava tomada por uma coisa: foi pegando a mãe e contorcendo, sem entender o que fazia, mas sabendo que era assim que devia fazer. Até que a criança nasceu. Estava roxa e foi dada como morta. Ela reavivou a mãe colocando cânfora no rosto, sem nunca ter ouvido falar nisso. Depois pegou o bebê no colo. Ouviu a voz falando:
_Bate nela!
Ela duvidou, mas como a criança já estava morta mesmo, assim o fez. A menininha então desengasgou, cuspindo uma bolinha de sangue e começou a chorar. As parteiras entraram no quarto correndo, ajoelharam e rezaram. A mais velha chorou.
Dona Flor contou muitas estórias. Ficamos lá a tarde inteira ouvindo.
No final ela disse:
_ E vocês, o que vieram fazer aqui?
_ Nós viemos perguntar se a senhora conhece a Geraldine, uma professora que dá aulas de artes.
_ Claro, é minha vizinha. Eu levo vocês lá.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Brasil de gente
Telelém, telelém...

6:05 PM  

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