Las Cabaças

Duas palhaças em pesquisa prática sobre os palhaços do norte e nordeste brasileiros.

Nome:
Local: Belém, Pará, Brazil

quinta-feira, maio 25, 2006

25.05.06 - Crateús – (CE)

Acordamos cedo e fomos para Crateús para a oficina.

Essa oficina à princípio era de 3 dias, reduziram para 2, colocaram o segundo dia junto com nossa apresentação, tivemos que cancelar, pedimos dois períodos: manhã e tarde, mas no final só foi de tarde. Tínhamos 4 horas, então.

Era uma oficina para palhaços e haviam crianças, professores, gente de teatro, curiosos em geral. Uma criança perguntou:

_ Eu posso fazer a oficina só para aprender?

Só nos restava fazer uma vivência e foi o que fizemos.

O retorno que as pessoas nos deram foi bem interessante. Falaram que nós tratamos o palhaço de forma não vulgar, sem preconceito com mulher, gay e raça, coisa que se vê em muitos palhaços por aqui.

_ O palhaço de vocês tem uma forma mais simples e ingênua que pode até parecer bobo, mas não precisa agredir o outro para fazer rir.

Vê-se que este é um tema de discussões por aqui, principalmente entre educadores.

Essa coisa de dar oficina em festival, por um lado é delicada porque a cidade fica fervorosa durante uma semana, as pessoas fazem oficinas relâmpagos, e depois tudo volta ao normal sem muita perspectiva de trabalho, mas acredito que a Secretaria de Cultura do Ceará está fazendo um ótimo trabalho nesse aspecto, fazendo levantamento dos artistas locais e das carências e necessidades deles.

Fomos ao circo de noite.

As apresentações não foram muito boas. Os palhaços (Linguiça e Cara Melada) são obscenos demais, fazem piadas maldosas, como o último que chamou uma criança para fazer um número, ele falava que a criança era tão feia que parecia tumor. E o povo ri disso! O corpo dele era morto, a energia bem baixa, as roupas exageradamente coloridas e a maquiagem que o esconde demais. O Lingüiça usava uma gravata que subia aleatoriamente, a qualquer momento.

Depois das apresentações demos entrevista para o Tadeu (revista Raiz). A matéria era sobre o mercado de trabalho para palhaços. Descobri que ele foi aluno da minha tia Raquel Balsalobre.

Fomos dormir num sítio porque o hotel não aceitou a Firula, o que foi ótimo para nós porque o lugar era lindo. Encontramos o Jackson e Ronaldo, eles vieram com a escola pernambucana de circo, mas não conseguimos assisti-los.

Tive aqui uma experiência inédita que quase aconteceu e acabo de me afeiçoar por essa palavra: QUASE.

Deu-se o fato de que eu, fazendo minhas necessidades diárias no banheiro; cujo tempo foi demorado, porém revitalizante; ao terminar a aventura dei descarga e vi dentro da privada uma perereca rodando junto com a merda. Ela lutou com toda sua força e saiu vitoriosa ficando imóvel no canto.

E eu fiquei ali ... parada... meio besta, só imaginando como seria se ela tivesse se manifestado um pouco antes e pulado num meu ângulo nada convencional.

QUASE aconteceu.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home