Las Cabaças

Duas palhaças em pesquisa prática sobre os palhaços do norte e nordeste brasileiros.

Nome:
Local: Belém, Pará, Brazil

quarta-feira, setembro 20, 2006

Dia 20/09/06 – Jamaraquá (PA)
Acordamos, arrumamos as mochilas que estão sempre prontas, o que muda é uma saia, ou outra; ora umas camisetas, ora outras. Fomos a pé para o ponto de ônibus, parando apenas para tomar um açaí matinal. Andamos 4 quarteirões e o calor já chegou no ápice. Chegamos ensopadas, vermelhas de suor. O ônibus atrasou 1 hora para chegar e outra hora para ser carregado de mercadorias. Enquanto isso cada um se apressa em marcar seu lugar com uma sacola, bolsa ou qualquer outro objeto. Todos respeitam. Saímos às 13:00hs. No fundo do ônibus o espaço reservado para cargas leva tijolos, sacos de farinha, muitas compras de supermercado, óleo, carne, sabão em pedra...
Dona Conse (esposa de Seu Pedrinho, líder comunitário que nos abrigará em sua casa) escolheu nossos lugares:
_ Deste lado não bate sol.
A viagem de ônibus é o momento onde muitas pessoas se reencontram. Cumprimentam-se, querem notícias dos filhos e familiares. O povo tem uma vida dura demais. Enfrentam 5 horas de ônibus em estrada de terra para fazer suas compras e seguem vivendo essa labuta cotidiana de forma digna e alegre. E eu aqui, sentada, quase derretendo de calor.
É bom ser palhaço e estar junto dessa gente.
Dona Conse tinha uma pequena toalha em suas mãos. Ela limpou os bancos e me mostrou como fazia para tirar um cochilo durante a viagem. Era só colocar a toalha e encostar. Ela fez o gesto e fechou os olhinhos, simulando.
Passando por Belterra, paramos por alguns minutos para deixar a Bernadete na casa dela. Um jovem estava tomando banho na parte de fora. Todos os homens que estavam dentro do ônibus saíram na janela para dizer:
_ Ê barriga feia.
_ Vai tomar banho direito...

Tudo de brincadeira.
A cada parada os moradores dão água de beber.
Chegamos a Jamaraquá, uma comunidade de 20 famílias. O lugar é lindo. Tomamos banho no igarapé que encontra o Tapajós. Havia muitos peixes na água, peixes que pulavam, pássaros, sons... sol findando dia.
Chegaram duas senhoras e uma criança pra banhar. A senhorinha quis tirar uma corrida com Juliana até a outra margem e voltar. Passou um homem e disse:
_ A semana passada eu vi um poraquê bem aí debaixo desses paus onde vocês estão.
Chegaram 4 homens carregando uma canoa nas costas. Iam pescar alegres. Foram se esquentar primeiro.
A praia que o Tapajós forma aqui nesta época é grande e farta. Jantamos macarrão e soja, dormimos um pouco na praia para ver as muitas estrelas caírem. Acordamos com o latido do cachorro e voltamos para dentro do pouso de Seu Pedrinho.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Ser palhaço ainda não sei o que é, mas estar junto dessa gente, é sentir a pureza e a simplicidade no modo de viver integrado à natureza.É um aprendizado.

1:21 PM  

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