Las Cabaças

Duas palhaças em pesquisa prática sobre os palhaços do norte e nordeste brasileiros.

Nome:
Local: Belém, Pará, Brazil

sexta-feira, setembro 15, 2006

foto de João Ramid


Dia 15/09/06 – São Pedro (PA)
S. Pedro é uma comunidade com 140 famílias (mais ou menos 800 pessoas). Fica numa ponta de terra cercada pelo rio dos dois lados. Há uma escola multi-seriada que vai até o terceiro colegial e tem energia solar.
Dormi muito bem, choveu durante a noite. De manhã comemos cará e café, nos alongamos e Juliana se preparou para uma intervenção sozinha. Enquanto isso ouvíamos a rádio rural comunitária. As pessoas ligavam para mandar recados e oferecer músicas. Ligou uma criança que ofereceu a música para sua avó Anita. O radialista perguntou se era a Anita esposa do seu Antônio Cunha do bairro tal, mas não era. Logo em seguida ligou uma senhora conhecida. O radialista perguntou como tinha sido sua festa de aniversário. Mais tarde, depois do comercial das balas e pirulitos Aikidoce, ele mandou um recado para a comunidade de Óbidos: o caixão com o corpo da fulana de tal chegaria lá no sábado, que a família esperasse...
Bifi saiu para sua pesquisa pessoal e eu registrei. Foi bem interessante, mas não dá para ficar mais que 1 hora, no máximo 1:30hs pois o calor é insuportável. Quando chegamos de volta na casa onde dormimos, a esposa de Célio disse que o rosto de Bifi estava pipocando para fora. Estava vermelha de calor.
Fomos direto para o rio nos refrescar.
Quando uma criança trouxe um caramujo para Juliana ver. Ela o colocou no ouvido:
_ Alô? Quem fala? É o Boto? O boto que é marido da Bota? O que é que você está fazendo? E a Bota está? O Boto está botando a Bota? A Bota botou no Boto?
...
Sorrisos tímidos. Inclusive da mãe que lavava roupa.

Aqui na frente têm uma ilha onde moram apenas dois homens chamados: Xabréga e Jaboti.

Tem uma estória aqui dessa comunidade, quem nos contou foi Rafael (médico do PSA), que veio dar palestra sobre métodos contraceptivos. Perguntou à uma mulher como ela fazia para prevenir filhos. Ela disse:
_ Coito interrompido.
_ Quantos filhos a senhora têm?
_ 12.
_ Então não está dando muito certo, né?
_ Mas é que eu só comecei depois do décimo segundo.
_ Tá, e como funciona esse coito interrompido?
_ É assim: quando eu e meu marido estamos lá na cama, na hora que ele arregala aqueles olhões, eu ponho os pés no peito dele e chuto ele pra fora.
Assim é que é.

Às 19:00hs fomos apresentar no circo Mocorongo armado na escola coordenado por Marisa (a palhaça Amorosa que fez um número sobre Aids). A comunidade apresentou um número falando sobre o cloro, Célio cantou e tocou músicas compostas por ele. E nós, apresentamos nossos números entre um e outro.
Havia umas 200 pessoas e o clima era de verdadeira alegria. As crianças riam tanto, tanto que dava gosto. Nós estávamos livres, nos divertindo, improvisando, com tempos presentes e perfeitos, felizes da vida por estar ali com aquelas pessoas, naquele lugar. Foi emocionante mesmo.
Suadas fomos tomar banho de rio Arapiuns. Marina, Juliana, Ivete e Marisa. Todas peladas na noite estrelada. Que maravilha! Durmo feliz.

Tem uma imagem que nunca quero esquecer: enquanto Celso tocava, três meninos juntos olhavam pela fresta da pequena tenda armada. 3 meninos juntinhos, 6 olhares brilhantes, 3 sorrisos. E eu ali me emocionando. O palhaço é encantador. Tem o dom do encanto.
- juliana balsalobre -

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

imagens grandes como a sumaúma. essa história do coito interrompido à coice é surreal!!!

2:28 PM  

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