Las Cabaças

Duas palhaças em pesquisa prática sobre os palhaços do norte e nordeste brasileiros.

Nome:
Local: Belém, Pará, Brazil

segunda-feira, maio 29, 2006

29.05.06 - Juazeiro do Norte (CE)

Amanhã faremos uma vivência de palhaços com os meninos da Ong Juriti, projeto coordenado por Cristina. O objetivo da Juriti é ensinar a arte do circo para meninos de rua, alguns ex-infratores. Num lugar onde o circo é visto como “putaria”, segundo ela, o trabalho é dobrado: primeiro é necessário mostrar aos pais dos jovens que circo não é isso que se vê por aí, circo é espírito de grupo, determinação, confiança, alegria e sonho. A Juriti pretende também dar oportunidade para que o circo seja uma nova fonte de trabalho. No Festival dos Inhamuns eles receberam 800 reais para dividir em 15 pessoas.

Fomos na casa do grupo Carroça de Mamulengos. O pai (Carlos, goiano), a mãe (Shirley, nascida em Brasília) e 8 filhos, cada um nascido num lugar. São muito acolhedores, gostam de receber gente.

No momento a Cia Ambulante (que conhecemos em Tauá) estão morando com eles e hospedam Odília e Kika, de Recife. A casa é movimentada, enquanto uma estuda clarinete, outro termina de pintar um quadro, crianças bordam em ponto livre, outra varre a casa, outros conversam na varanda, as crianças brincam...

São uma família itinerante, mas estão em Juazeiro há 3 anos desenvolvendo um trabalho com a comunidade, dando aulas, incentivando os artistas a organizarem-se em cooperativas, discutindo o valor dos cachês, que não pode ser tão baixo, pois desvaloriza o trabalho...

Fomos com a Maria (filha mais velha – 18 anos) assistir o ensaio das guerreirinhas, cuja Mestra é D. Margarida, vinda de Alagoas, mas o Guerreiro nasceu ali mesmo em Juazeiro. Maria toca acordeon, o irmão, alfaia e D. Margarida canta com sua voz grave e inesquecível.

As crianças tinham em média 10 anos, cantavam e dançavam. Tinha uma pequenininha de uns 2 anos no máximo que ficava no meio de todas dançando sem a regra do brinquedo, solta como um anjo com as perninhas magrelas batendo o pé e olhando as outras. Os meninos ficavam sentados em volta olhando para aprender.

Eu não consegui tirar o olho de um pequeno que estava morrendo de sono, ficou o tempo todo pingando, quase dormindo. Ele tentava se encostar nos outros, que saiam de perto e ele não conseguia fazer nada, nem deitar, nem levantar. Ficou naquele vai e vem até o fim do ensaio.
Certamente tínhamos que filmar isso, cuja situação era completamente “palhacesca”, mas vejam vocês nossa dificuldade: a câmera estava sem bateria, para carregá-la era preciso pegar o transformador no carro que estava longe e se eu saísse dali, perdia o ensaio. Poderíamos tê-la carregado na noite anterior, mas não deu. O cansaço era enorme para pensarmos nisso.
Essa história de registrar é realmente complicada, demanda uma certa atenção que não podemos dar pois a viagem já é por demais intensa para pensarmos em tudo! Uma outra pessoa aqui é imprescindível! Alguém se habilita?

Hoje na rua vi um homem com uma carrocinha cheia de sapatos velhos e uma placa : Pronto-Socorro.

_ Ser só artista, um bom artista é muito pouco. Difícil é ser um grande ser humano.
(Frase do Carlos – Carroça de Mamulengos)

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