Las Cabaças

Duas palhaças em pesquisa prática sobre os palhaços do norte e nordeste brasileiros.

Nome:
Local: Belém, Pará, Brazil

sexta-feira, setembro 22, 2006

Pedrinho e Marina


Juliana diante da Samaúma

Dia 22/09/06 – Jamaraquá (PA)
Acordamos às 6 horas, tomamos café com cará e batata doce e partimos para uma caminhada na mata primária. Seu Pedrinho foi nos mostrando as plantas medicinais e contando estórias. Chegando num formigueiro gigante feito no tronco da árvore, ele bateu com o facão e todas as formigas saíram afoitas para proteger sua casa. Colocou a mão perto, elas subiram na mão dele que as esfregou matando-as. Me deu para cheirar. Era o repelente natural usado pelos índios.
Com a folha da pitomba na mão, disse que quando a criança demora a falar é só quebrar a folha na boca aberta que ela fala rapidinho.
Mostrou o cipó-escada-de-jabuti que é bom pra diarréia, a sucuba-expectorante, a jutaí-seca para diabetes, o cumaru para pneumonia...
Seu Pedrinho adora este lugar.
_ Quando nós não temos o que fazer, inventamos de fazer fogueira na praia, dormir na mata, nadar no igarapé. O que não pode é a pessoa ficar sentada no sofá assistindo TV ou pensando na vida porque a cabeça gasta o corpo.
Mostrou-nos um líquido que pinga e ninguém sabe de onde vêm. Dizem que se cai na cabeça, a pessoa fica careca.
Diante da gigante samaúma de 14 metros de diâmetro nos contou que o compadre Santana, durante uma festa comemorativa entrou na mata e caçou um porco às 18:00 hs. Quando procurou o caminho de volta não encontrou. Avistou uma pessoa que parecia ser seu cunhado dizendo que ia mostrar o caminho. O cunhado ia à frente passando para trás uma cuia com bebida, parecia cachaça. Não mostrava o rosto, só passava a cuia de costas. Caminharam muito sem chegar a lugar algum. Quando foi 4 da manhã, Santana desconfiou: era a Caipora. Pediu licença para cagar no mato, deixou o porco que havia caçado e fugiu. Compadre Santana voltou para a comunidade cambaleando e desde esse dia enlouqueceu. Tinha que viver amarrado, senão fugia pro mato. Foi preciso muita reza de curandeiro para que ele voltasse ao normal. Hoje, compadre Santana já é falecido.
A mãe do mato é o espírito protetor da mata. Ela espalha fogo de fogueira de acampamento e sacode rede derrubando as pessoas no chão. Tem gente que deixa pinga e cigarro pra agradá-la. Quem mexe com a Caipora nunca mais consegue entrar em mato fechado porque sente fortes dores de cabeça.
Voltamos pra casa e à noite apresentamos à luz de velas e lamparinas.Jantamos na praia embaixo do céu estrelado, fizemos uma piracaia (peixe assado em brasa de fogueira).

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