Las Cabaças

Duas palhaças em pesquisa prática sobre os palhaços do norte e nordeste brasileiros.

Nome:
Local: Belém, Pará, Brazil

quinta-feira, novembro 30, 2006

Dia 30/11/06 – Goiânia (GO)
Hoje apresentamos o espetáculo no Circo Laheto. Chegamos às 14:30hs para uma conversa com os alunos. Foi divertido. Mostramos o mapa do Brasil e contamos algumas estórias do que vivenciamos nestes lugares.
Ensaiamos e depois lanchamos com Maneco, Seluta e alguns palhaços do circo que traziam questionamentos sobre o palhaço brasileiro.
Às 21:00hs, o espetáculo.
Os Quinans vieram ver a Quinan que palhaceou em sua terra natal. Foi um ótimo espetáculo. Depois fomos à casa de Lélia e Sandra nos despedir. Cervejas, grandes conversas e boas palavras. Dormimos às 3 da manhã.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Dias 27, 28, 29/11/06 - Goiânia (GO)
Esses foram dias de família, matar saudades de tantas tias, tios e primos que eu não via há muito, comer pamonha e arroz com piqui.
Fomos num evento chamado quartas de farinha, um sarau que reune muitos artistas daqui. Foi uma noite de causos, música caipira e muita pamonha. Conhecemos Dionísio - Bombinha.

domingo, novembro 26, 2006

Dia 26/11/06 – Goiânia (GO)
Fizemos a apresentação de “troca artística” para amigos e convidados. Marcamos outra apresentação do espetáculo inteiro para dia 31.

sábado, novembro 25, 2006

Dias 25/11/06 – Goiânia (GO)
Visitamos o Circo Escola Laheto, fundado e administrado por Maneco e Seluta. Combinamos de fazer uma apresentação juntos para conhecer o trabalho dos palhaços e eles, o nosso.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Dia 24/11/06 – Goiânia (GO)
Partimos rumo à Brasília. Cidade cheia de lógica e concreto. Bonita assim mesmo. Depois seguimos para Goiânia.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Dia 20/11/06 – Alto Paraíso (GO)
Passamos o dia no povoado de Moinho. Lá havia uma antiga fazenda de moer trigo e muitos escravos. A comunidade é hoje de remanescentes dessa época. Tivemos a sorte de chegar na casa de dona Flor, parteira e fazedora de remédios. Logo que nos viu no portão já convidou pra entrar e, no aperto de mão e no jeito que olhava nos olhos já deu pra entender que ela sabia de muitas coisas. Acomodou-nos em sua sala onde havia uma grande mesa de refeições, garrafas de licores, vinhos, xaropes... Na prateleira muitas bananas da terra.
Só perguntou nossos nomes e pôs-se a contar suas histórias e como se tornou parteira:
Ela disse que sua mãe nunca havia dito como nascia um bebê. Toda vez que ela procurava essa resposta, a mãe desconversava e contava coisas bobas de cegonha. Um belo dia chegou a hora da mãe parir sua última filha, irmã de Dona Flor que já estava com seus18 anos. Haviam 3 parteiras experientes e nenhuma deu conta do parto. Desenganaram o caso, dizendo que ela morreria. Dona Flor, que tudo olhava da fresta, ouviu uma voz dizendo que arrebentasse a corda e entrasse. Nervosa e amedrontada foi o que ela fez. Segundo ela, estava tomada por uma coisa: foi pegando a mãe e contorcendo, sem entender o que fazia, mas sabendo que era assim que devia fazer. Até que a criança nasceu. Estava roxa e foi dada como morta. Ela reavivou a mãe colocando cânfora no rosto, sem nunca ter ouvido falar nisso. Depois pegou o bebê no colo. Ouviu a voz falando:
_Bate nela!
Ela duvidou, mas como a criança já estava morta mesmo, assim o fez. A menininha então desengasgou, cuspindo uma bolinha de sangue e começou a chorar. As parteiras entraram no quarto correndo, ajoelharam e rezaram. A mais velha chorou.
Dona Flor contou muitas estórias. Ficamos lá a tarde inteira ouvindo.
No final ela disse:
_ E vocês, o que vieram fazer aqui?
_ Nós viemos perguntar se a senhora conhece a Geraldine, uma professora que dá aulas de artes.
_ Claro, é minha vizinha. Eu levo vocês lá.

domingo, novembro 19, 2006

Dia 19/11/06 – S. Jorge (GO)
Andamos pelo Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros até um cânion e uma cachoeira. Ambos formados pelo rio Preto, água boa de beber e banhar. Nosso guia foi Nivaldo, filho de Dona Ana, que nasceu aqui e o parque sempre foi seu quintal. Sorte dele.
A vegetação é completamente diferente: cerrado puro. A canela-de-ema é boa pra acender fogo, a congonha é folha boa para os rins, pimenta de macaco para cólicas, a casca da curriola é a melhor parte da fruta, vi um tucano.
De noite fomos ver o pôr-do-sol no mirante. Humm... que silêncio cerrado!
Ju viu sua estrela cadente e eu a minha.
Que pedido fazer nessa hora?
Não consigo pensar exatamente num pedido, fico extasiada de alegria e sorrio em segredo entre eu e o céu.

sábado, novembro 18, 2006

Dia 18/11/06 – S. Jorge (GO)
As aventuras de Bifi e Quinan. Episódio do carro:
O carro já estava com problema na maçaneta da porta do passageiro. Era preciso entrar pelo outro lado ou abrir por dentro. Agora, nenhuma nem outra abriam. A única opção era entrar pelo porta-malas, que estava abarrotado de malas muito bem encaixadas e para tanto, teríamos que tirar uma por uma.
Super-Bifi disse que sabia resolver o problema da maçaneta: era só passar óleo nela.
Passou óleo de amêndoas (o único que tinha). Só que por fora e não no miolo, uma vez que esta se encontrava fechada. Nada mudou, a não ser o cheirinho agradável do carro empoeirado.
Super Quinan elaborou a idéia de amarrar um barbante ligando o porta-malas com a maçaneta de dentro do carro. Mas era preciso alcançá-la para abrir.
Bifi então, diz que vai passar sem precisar tirar nenhuma mala, apoiando aqui e ali.
Quinan disse que a bunda não passaria no vão, mas mesmo assim Bifi foi e conseguiu! Abriu a porta, fizemos a ligação direta com o barbante, mas nunca usamos.
Pois uma vez aberta, Quinan com sua perspicácia, passou óleo no miolo da fechadura e não tivemos mais problemas.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Dia 17/11/06 - São Jorge (GO)
Chegamos no Goiás. Aqui começa o horário de verão. Perto de Niquelândia vimos algumas vilas operárias construídas para os funcionários de alguma exploradora de metais. É pena ver tantas fazendas perdidas no meio desse Brasilzão velho com porteiras. Preferia eu ver a terra habitada por homens, matas e rios. Perguntei-me: Como será que esses funcionários se divertem? Certamente jogam futebol, mas será que ali no meio dessa gente há um poeta? Há um sambista?
Ai Ai... Divagações.
Divagar-ções.
Pegamos a Rodovia da Fé até S.Jorge, passando pelas belas chapadas. Estrada de terra. Terra vermelha e mata verde-verde.
Acampamos no quintal de Dona Ana. Há que se calcular bem onde se arma a rede e barraca pois o quintal é cheio de mangueiras. Tomara que nenhuma manga caia sobre nossas cabeças!

quinta-feira, novembro 16, 2006

Dia 16/11/06 – Talismã (TO)
Acordamos às 6 da manhã, tomamos café e pé na estrada. Só paramos às 19 horas. Dormimos em hotel de posto de gasolina. Os caminhoneiros estavam pendurados na TV assistindo o penúltimo capítulo da novela.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Dia 15/11/06 – Imperatriz (MA)
Partimos de Belém às 9:30 com a Firula já no carro. Fomos buscá-la na casa de Camilo e Camila, que se emocionou com a despedida da pretinha.
Estamos novamente em nosso carro, vida de caminhoneiras. Voltamos às estradas depois de tantos dias sobre águas. Estamos na Belém-Brasília e a estrada encontra-se em ótimas condições. Chegando perto de Umarizal o álcool entrou na reserva, paramos para abastecer e não havia álcool. Somente dali a 60 km. Decidimos ir à farmácia mais próxima comprar álcool comum, mas na hora de ligar o carro a bateria pifou. E hoje é feriado.
Bem, um rapaz nos ajudou, levando-nos à casa de quem vende baterias e compramos outra novinha. O carro funcionou e seguimos até a próxima cidade com álcool de farmácia. Dois reais o litro.

terça-feira, novembro 14, 2006

Dia 14/11/06 – Belém (PA)
Arrumamos as malas no carro que está lotado. Marcos Quinan nos ajudou a colocar as esteiras no bagageiro. Carro de palhaças ou de mercadoras?
Jantamos com Roseli e Marcos.
Risadas, conversas, lembranças e um brinde de despedida.
Boa noite.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Dia 13/11/06 – Belém (PA)
Marina ficou no computador para finalizar o projeto para o Prêmio Carequinha da Funarte e eu fui pôr do sol no carro, quer dizer, fui pôr o som no carro.
Rafael nos mandou esse presente.
Depois fui ao Ver-o-peso comprar cuias, castanhas do Pará e farinha. Peguei algumas esteiras, paneiros e tipiti com a Fatinha.
De noite fomos no bar da praça nos despedir de João e Sueli. Conheci Alex, seu nome está tatuado em seu braço. Morador de rua, anda com as mãos, as mãos o levam. É assim que ele pode. Falou dos Trapalhões, lembrou de todos: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Contou lembranças deles. Criamos ali uma cumplicidade, nos divertimos juntos. Ele disse que era feio, eu disse que não achava. Ele arregalou os olhos pra mim, ficou surpreso. Ele cantava e eu ia junto. Pegava o pé, discava e atendia o telefone. Fez palhaçadas pra mim. Olhou-me e fez um gesto para que eu prestasse atenção no que ele ia fazer. Ele lança a pergunta para todos:
_ O que é melhor, pedir ou roubar?
_ Pedir.
_ Então dá um trocado aí.

Rimos.

domingo, novembro 12, 2006

Dia 12/11/06 – Belém (PA)
Pelas ancas da tanajura!
Apresentamos no S. José Liberto. Haviam 150 pessoas. O espetáculo não rolou muito por causa do espaço, acústica ruim, a distância do público... mas tivemos bons momentos improvisados.
É preciso preencher os detalhes. A riqueza de um palhaço são os detalhes.

sábado, novembro 11, 2006

Dia 11/11/06 – Belém (PA)
Essa página deixou de fazer sentido no momento seguinte em que a escrevi.

“Não gosto do que acabo de escrever, mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu. E respeito muito o que eu me aconteço.”
(Clarisse Linspector)

sexta-feira, novembro 10, 2006

Dia 10/11/06 – Belém (PA)
“Sei o que estou fazendo aqui: estou improvisando.”
(Clarisse Linspector)

quinta-feira, novembro 09, 2006

Dia 09/11/06 – Ilha de Marajó (PA)
Quem vem ao Marajó só fala de garças, guarás, macacos, búfalos.
E os urubus? São muitos, mas ninguém divulga na agência de turismo.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Dia 08/11/06 – Ilha de Marajó (PA)
Receita de rosca com farinha de tapioca:
A rosca é feita com a farinha de tapioca deixada de molho no leite de coco para amolecer bem. Em seguida, lhe junta gemas de ovos, sal, manteiga e bastante erva-doce. A ciência está no amassar. Assa-se por inteiro.

terça-feira, novembro 07, 2006

Dia 07/11/06 – Ilha de Marajó (PA)
Tipiti vem da língua tupi. Tipi significa espremer. Ti significa líquido.
Tipiti – espremer o líquido da mandioca.
Vi um pé de mangaba. Depois vi vários.
Vi uma nota musical na cerca de pau. É prego.
Visitei o curtume.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Dia 06/11/06 – Ilha de Marajó (PA)
A sombra de um gato na cerca de pau.
A sombra de um gato.
A sombra.
A luz da lua no rio Joanes.
A luz da lua.
A luz.
A lua vai por cima, o sol vem por baixo.
Um urubu me sobrevoou.
Eu fiquei.
-juliana balsalobre-

sexta-feira, novembro 03, 2006

Dia 03/11/06 – Belém (PA)
Aniversário de nossa querida amiga Bié. Parabéns, saravá e muitos anos de vida.
Aproveito esse dia para mandar um recado àquelas pessoas que não conhecemos e que escrevem neste blog: deixe escrito seu e-mail para que possamos responder.
Obrigada.